Sempre tive curiosidade de ler “O sol é para todos”, da Harper Lee. Depois de encarar o livro na minha estante durante meses, finalmente tomei coragem e peguei para ler no início deste ano. Resultado? Foi um dos melhores livros que eu já li! Por isso, vou falar sobre ele pra vocês.
Autora: Harper Lee | Editora: Grand Central Pub | Páginas: 288
Resenha SEM spoilers!
O livro é narrado pelo ponto de vista da Scout, uma garota de 6 anos que vive com o irmão mais velho Jem, a governanta Calpunia e o pai, Atticus Finch, que é advogado. O enredo é ambientado em 1930, no condado de Maycomb (Alabama), quando mesmo depois da abolição da escravatura, a sociedade ainda era extremamente dividida entre negros e brancos e existia uma enorme segregação racial. Tudo piora quando um jovem negro chamado Tom Robinson é acusado de estuprar uma menina branca, e Atticus decide defender Tom. Não quero falar muito sobre o enredo em si, então isso é tudo que vou contar.
O livro é dividido em duas partes, sendo a primeira mais focada na vida de Scout e a segunda mais focada no caso de Tom Robinson. No início, achei a narrativa lenta e algumas vezes até arrastada, mas depois de algumas páginas eu não conseguia mais deixar o livro de lado.
Vocês devem se perguntar qual a relação de uma garotinha com o caso, e eu digo: toda. Ler esse livro da perspectiva de uma criança só me fez perceber o quanto a nossa sociedade é corrompida por valores, ideias e pré conceitos que vão contra a nossa natureza humana. Como ao passar dos anos, perdemos a capacidade de tolerar o outro, entender o outro e pensar fora da caixa. Como nossa inocência se perde, assim como a nossa capacidade de distinguir o que é certo, o que é errado e o que é apenas incompreendido por nós. É assustador ver como algumas coisas são tão óbvias na mente de uma criança e tão dissimuladas na mente de um adulto. Quando isso acontece? Por quê? Será que é tão difícil assim evitar?
Esse livro nos proporciona uma visão densa sobre as ideias impostas pela sociedade, sobre segregação social, preconceito, injustiça e intolerância. Vemos Scout sofrer porque estão constantemente dizendo à ela como se vestir e agir para ser considerada uma “dama”. Vemos Jem perder sua inocência e enxergar o mundo pelos olhos de um adulto pela primeira vez, vemos Calpúnia usar suas máscaras sociais para conseguir encaixar-se em dois mundos diferentes, vemos Tom Robinson sofrer discriminação social e vemos Atticus lutar não só pelos seus princípios, mas para que seus filhos não sejam corrompidos como a sociedade de Maycomb.
Esse é um livro atemporal e ainda extremamente relevante. É uma leitura que nos instiga e nos faz pensar. É sensível e lindo, lindo, lindo. Me fez chorar inúmeras vezes e eu posso dizer com toda certeza que foi um dos melhores livros que eu já li na vida. Atticus é aquele personagem que é impossível não amar: amoroso, correto e corajoso acima de tudo. Scout e Jem são a representação do que é ser criança em um mundo cruel e confuso, e de como é difícil crescer com nossos princípios intactos, mesmo quando se tem um pai tão incrível como Atticus.
Não preciso nem dizer que eu recomendo a leitura, certo? Não consigo nem explicar o quanto esse livro mexeu comigo e o quão maravilhoso ele é. Leiam. Sério.
“Coragem é fazer uma coisa mesmo estando derrotado antes de começar – prosseguiu Atticus. – E mesmo assim ir até o fim, apesar de tudo.”
“Antes de poder viver com os outros, eu tenho de viver comigo mesmo. A consciência de um indivíduo não deve subordinar-se à lei da maioria.”
Vocês já leram ou tem vontade de ler esse livro?
Olá, eu gostei da resenha, mas na verdade não sabemos quantos anos Scout tinha quando narrou o livro e ela decididamente não tinha 6. Só sabemos que ela narra acontecimentos a partir de seus 5 anos até os 9 quando Jem se machuca. Isso fica claro logo na primeira frase do livro: “Quando tinha quase 13 anos, meu irmão Jem sofreu uma fratura grave no cotovelo.” Ou seja, sendo 4 anos mais nova que Jem, ela necessariamente narrou a história depois que Jem fez 13 e ela 9. Só queria esclarecer isso pra não ficar errado. Beijos.
Oi Thais, tudo bem? Na verdade a idade que está na resenha é a idade que ela tinha no início da narrativa, e não quando ela estava narrando a história :)
Não é isso que dá a entender no início da sua resenha. Já que você fala que o livro é narrado por Scout, uma menina de 6 anos, algo assim, ou seja, refere-se a idade da narradora. Só estou apontando isso por ser algo relevante na história o crescimento e amadurecimento da personagem.
Não tenho exercido o hábito da leitura, mais gosto de ver resenhas de livros e sempre quando gosto, anoto os nomes..bjss
Ebaaa, que bom que gosta das resenhas, Zilandra! <3
Que triste :(
http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2016/02/harper-lee-morre-aos-89-anos-diz-site.html
Eu viii, Gi! Muito triste :(
Adorei o post…
Obrigada Tati!
nunca li, mas fiquei com vontade de ler
É incrível, Franci <3