Lançado recentemente, o novo Ghostbusters tem sido associado ao feminismo por diversos motivos, como contar com um elenco de protagonistas mulheres, não usar a figura da mulher sexualizada como objeto para atrair expectadores, além do humor e representatividade feminina.
Pra Melissa McCarthy, o filme é de fato uma expressão #girlpower e isso não se limita apenas ao protagonismo que ela, Kristen Wiig, Kate McKinnon e Leslie Jones representam. Há uma equipe gigantesca de figurinistas, dublês, roteirista, assistentes de produção, entre outras integrada por mulheres.
Todo trabalho é um reflexo do movimento que vem questionando o papel feminino na indústria cinematográfica, onde há somente 19% da equipe atrás das câmeras, e que também remete ao discurso de Cate Blanchett no Oscar de 2014, que denunciou sobre apenas 15% dos filmes terem mulheres como protagonistas.

Equipe do filme.
Dentre tantos significados impressionantes, um número assustou a todos: O trailer oficial do filme está na décima posição dos vídeos com mais avaliações negativas do YouTube.
Poderia ser um trailer melhor, com mais humor fazendo jus ao potencial do elenco, confesso. Mas o retorno que se nota vai além de uma simples insatisfação, como podemos ler em comentários como “Que vergonha para quem usado ou criado uma segunda conta para dar dislike nisto… Vocês têm que usar três.” e “Feminismo lixo” dentre os comentários mais curtidos no vídeo. Há também um esforço em conjunto para diminuir sua nota no IMDb e outros sites de reviews antes mesmo da estréia.
Infelizmente, o ódio online não para por aí. Leslie Jones, que interpreta Patty Tolan no filme, sofreu ataques racistas no Twitter dias após a estréia do filme. Antes de deletar sua conta na rede, a atriz declarou “Ok, eu já fui chamada de macaco, recebi fotos de bundas e até uma imagem com esperma no meu rosto. Estou tentando descobrir o que é o ser humano. Desisto“.
Leslie Jones falou recentemente sobre a importância da representatividade num programa de Talk Show, homenageando e agradecendo Whoopi Goldberg por inspirar sua carreira simplesmente por tê-la visto na TV quando criança: “Papai! Eu posso estar na TV! Eu posso fazer isso! Olhe pra ela! É igualzinha a mim!“. Para muitos o filme pode ser apenas mais uma produção, mas para milhares de garotas e crianças, é sinônimo de inspiração e confiança.
Assisti o filme e, mesmo ciente de que iria gostar de alguns pontos já levantados antes do lançamento, me surpreendi com a leveza das interações entre as personagens, a mensagem sobre a não desistência de sonhos por carreiras de prestígio, o papel invertido de Chris Hemsworth como bonitão vazio, os efeitos visuais (3D está incrível!) e o protagonismo feminino como um todo. É sim mais um remake de um filme consagrado, porém adaptado para dar voz aos tempos de mudanças.
É notório o fato de que o ódio a mulheres (misoginia) floresce quando personagens femininas não estão em posição de submissão ou com os corpos expostos de maneira sexualizada. O protagonismo feminino não estereotipado irrita dentro e fora das telas, mas não vão nos parar por isso.